A palavra diabetes significa passar através de. Diabetes mellitus ou diabetes açucarado ou diabetes sacarino compreende um grupo heterogêneo de causas e manifestações clínicas, tendo como denominador comum o aumento de glicose (tipo de açúcar) no sangue, decorrente na maioria das vezes da produção alterada de insulina pelo pâncreas, ocasionando alterações no metabolismo de proteínas, de gorduras, de sais minerais e principalmente de glicose.
PÂNCREAS E INSULINA
O pâncreas é um órgão localizado na cavidade abdominal, atrás do estômago; produz hormônios (insulina e glucagon) que atuam no metabolismo de hidratos de carbono, proteínas e gorduras e enzimas digestivas para a transformação dos alimentos.
A produção de insulina é regulada em resposta à qualidade e quantidade alimentar; impede que a glicose no sangue (glicemia) ultrapasse 160 a 180 mg%. A glicose é a principal substância que o corpo dispõe para a geração de energia.
Outras funções da insulina:
1. Com exceção do sistema nervoso, glóbulos vermelhos e células dos rins, os outros órgãos necessitam de insulina para a facilitação de entrada de glicose nas células.
2. Armazena glicose no fígado e músculos na forma de glicogênio (reserva de glicose).
3. Fundamental na fabricação de tecido gorduroso e crescimento ósseo.
O QUE ACONTECE COM UMA PESSOA DIABÉTICA?
- Na maioria dos diabéticos há uma diminuição absoluta ou relativa de insulina. Nos obesos, a insulina no sangue geralmente está aumentada.
- A glicose no sangue (glicemia) sobe em jejum e/ou após alimentação, e quando ultrapassa 160 a 180 mg% (hiperglicemia), é eliminada pela urina (glicosúria).
- A glicosúria aumenta o volume de urina (poliúria), que fica mais clara, a pessoa urina mais vezes, e em grande quantidade (urina doce).
- A poliúria leva à perda de água corpórea (desidratação). A reposição se faz através da ingestão de mais líquidos (polidipsia) aumentando a sede.
- Como falta glicose dentro das células, aumenta a fome (polifagia).
- Para manter o fornecimento energético, o corpo inicia a utilização de proteínas (massa muscular) e tecido gorduroso levando à fraqueza muscular e emagrecimento. No Tipo I, em etapa posterior, a gordura se transforma em corpos cetônicos, podendo causar náuseas, vômitos e hálito de acetona, agravando a desidratação.
- Glicosúria em contato com os genitais causa coceira (prurido) e secreção branco-leitosa (fungos).
- Hiperglicemia pode causar sonolência, cãibras e turvação de visão.
ALIMENTAÇAO E O DIABETES
Quando o assunto é diabetes, uma dieta adequada começa bem antes de se sentar à mesa. Muito importante planejar o que se vai consumir: ou seja, escolher alimentos adequados, fracionar a alimentação, além de controlar o peso e equilibrar a quantidade do que se come com as calorias que se gastam.
Para saber o que comer, a orientação de um profissional como um nutricionista é fundamental, auxiliando na escolha certa dos alimentos. Além disso, é importante ter disciplina e seguir à risca o que for indicado. Em geral, deve-se evitar doces, bolos, leite condensado, chocolate, biscoitos e refrigerantes não dietéticos, além de não utilizar o açúcar branco para adoçar bebidas e demais preparações.
Vegetais e frutas frescas devem ser incluídos no cardápio por serem ricos em fibras, auxiliando na modulação da glicemia sanguínea. Os demais alimentos, como carnes magras, cereais (preferencialmente integrais), laticínios, etc, devem ser consumidos de acordo com o planejamento alimentar.
- Alimente-se de 3 em 3 horas: com refeições leves e equilibradas você leva o organismo a utilizar mais facilmente o seu combustível de reserva, que são as gorduras, além de. Se isso não for possível, estabeleça intervalos de no máximo 4 horas entre as refeições. Uma vez fixados esses horários, há uma tolerância de meia hora, contanto que sejam obedecidos os intervalos mínimo e máximo. Fazendo o número previsto de refeições, a intervalos regulares, você evitará a hipoglicemia (queda no nível de açúcar no sangue) e reduzirá a chance de ter uma fome sem controle dos alimentos a serem ingeridos.
- Alimente-se sempre nos mesmos horários: Programe os horários das refeições de modo que possa cumpri-los e faça todo o possível para cumpri-los de fato. Alimentando-se sistematicamente nos mesmos horários, seu organismo se acostumará ao novo ritmo e ficará condicionado a esperar a comida somente nestes horários. Se você acordar mais tarde, perdendo a hora do café da manhã, faça essa refeição na hora do lanche e mantenha as outras refeições conforme o programado.
- Alimente-se devagar e preste atenção ao que consome: Mastigue bem, e lentamente, para sentir a textura e o sabor de cada alimento, experimentando o prazer de saborear o que come. Ao se alimentar dessa forma, seu cérebro receberá maior número de informações, que contribuirão para acionar o centro da saciedade, levando sua fome a ser satisfeita com menores quantidades de alimento. Separe o ato de comer das outras atividades, como ler, assistir televisão, pois estas atividades interferem recepção destas informações.
- Respeite a quantidade e a qualidade dos alimentos permitidos: Como dito anteriormente, os alimentos devem ser ingeridos em quantidade e qualidade adequadas para suprir todas as necessidades nutricionais sem excesso de calorias. Cada indivíduo precisa de um plano alimentar específico.
-Evite a monotonia: Um erro comum e desastroso é repetir sempre os mesmos alimentos, pois a monotonia na alimentação faz com que o plano alimentar seja abandonado. Varie bastante dentre os alimentos de cada grupo. Invente novos pratos. Capriche na arrumação da mesa. Torne o momento da refeição um prazer. - Beba bastante líquido: beba bastante água filtrada, mineral (sem gás) e sucos naturais (sem açúcar) para hidratar-se. Evite o consumo de café, refrigerantes e sucos industrializados.
- Não adote dietas radicais: Você não vai agüentar por muito tempo e voltará rapidamente para antigos e maus hábitos alimentares. Além disso, a grande perda de peso em curto período de tempo é prejudicial ao metabolismo do organismo, pois a grande perda de massa magra, com conseqüente redução do gasto energético total, o que leva possivelmente ao aumento de massa gordurosa após a dieta restritiva.
- Evite ter na despensa alimentos calóricos e pobres em nutrientes saudáveis: Assim você se protege do risco de um ataque surpresa na hora de fome.
- Deixe sempre na gaveta do escritório barra de cereais, bolacha integral (ingira, no máximo, 3 unidades), ou se possível, uma fruta ou iogurte natural: deste modo, quando a fome bater, terá algo saudável para comer.
- Se tiver vontade de comer um doce, consuma-o . Mas lembre-se: somente um pedaço ou unidade. Isso é melhor do que devorar uma caixa de bombom no final do dia.
- Evite o uso de óleos e temperos industrializados para temperar as saladas: se quiser pode usar um fio de azeite, mas abuse mesmo dos temperos aromáticos como orégano, manjericão, cheiro verde, louro, pois deixarão a salada mais saborosa. Use também vinagre ou suco de limão (melhor que o vinagre, pois é rico em vitamina C).
- As preparações com molhos branco, quatro queijos, bolonhesa, ou ainda, com mussarela e presunto devem ser evitados, pois são muito calóricos. Dê preferência ao molho “ao sugo” e use os temperos aromáticos para deixar os pratos mais saborosos.
- Bebidas energéticas devem ser evitadas. Mesmo os indivíduos que praticam atividade física regular não possuem necessidades energéticas ou de minerais para ingestão destes produtos. A água ainda é o melhor hidratante.
- Utilize adoçante nos sucos e no cafezinho, ao invés de açúcar.
- Dê preferência às carnes magras e sem gordura visível: pois possuem menos gordura e menos calóricas como peixe, frango (partes magras e sem pele), peru, patinho, contra-filé. O modo de prepará-las também é importante: cozidas, grelhadas ou assadas.
- Evite enlatados, temperos industrializados, apresuntados e defumados: eles são ricos em sódio e perigosos para pessoas com predisposição a pressão alta.
- Queijos amarelos (mussarela, provolone, prato, parmesão) devem ser evitados: são muitos mais gordurosos que os queijos brancos (minas, frescal, ricota e cottage).
- Bebidas alcoólicas são calóricas: Consuma esporadicamente e em pequena quantidade (deixe para o fim de semana). Além disso, evite os petiscos como amendoim, batata frita, castanha de caju, carne seca ou salgadinhos que acompanham as bebidas alcoólicas, pois são calóricos e com alto teor de gordura saturada.
- Em restaurantes por quilo: Passe primeiro por todas as opções antes de escolher os alimentos. Isso evitará exageros. Escolha opções de hortaliças, legumes cozidos (sem maionese ou molhos), carne magras, massas sem molhos brancos e com mussarela e presunto ou arroz branco (ou sortido com legumes) e para sobremesa, prefira as frutas.
- Em épocas de calor, evite sorvetes de massa: Opte pelo picolé de fruta.
- Compras no supermercado: não vá com fome: Isso evitará pegar balas, chocolates e salgadinhos. Não compre alimentos que devem ser evitados. Sempre olhe a informação nutricional presente dos rótulos dos alimentos: calorias, quantidades de carboidratos, gorduras, fibras, sódio.
- Cuidado com os produtos light e diet: apesar de apresentarem redução de algum nutriente, nem sempre, esta restrição é em calorias ou gorduras.
- Movimente-se: Você não precisa ir à academia! Caminhar 3 vezes por semana pelo bairro, por 40 minutos cada sessão, irá ajudá-lo a ter mais saúde!
- Substituições mais saudáveis: Experimente o requeijão light, cream cheese light (mesmo estes devem ser usados com moderação), queijo tipo cottage, pois além do valor calórico reduzido, oferecem mais nutrientes como cálcio e proteínas.
- Quando fizer dieta para perder peso: Em dietas de emagrecimento, os diabéticos podem ter hipoglicemias, se estiverem tomando comprimidos hipoglicemiantes ou insulina. Assim, nunca devem iniciar uma dieta de perda de peso sem orientação médica e nutricional.
- Quando for fazer exercícios físicos: O exercício físico regular tem um efeito importante para o controle da glicemia sanguínea. Entretanto, quando for fazer atividade física, o diabético deve alimentar-se com, no máximo, duas horas de antecedência. Ë importante exercitar-se sempre, preferencialmente nos mesmos horários, preferindo atividades aeróbicas (caminhada, natação, etc). Se a pessoa tiver problemas de sensibilidade nas pernas e pés, deve usar calçados especiais, confortáveis, ou tênis. Se tiver problemas graves de retina ou nos pés, não deve praticar exercícios violentos ou corridas.
INSULINA
Existem vários tipos de insulina. As mais usadas atualmente são as insulinas humanas tipo NPH, de ação mais lenta e a regular de ação rápida, utilizada para correção da glicemia elevada.
A concentração das insulinas no Brasil vem em U-100, isto é, para cada 1ml correspondem 100 unidades de insulina. Elas se apresentam em frascos de 10 ml, logo, contendo 1000 unidades para utilização em seringas.
Os frascos fechados de insulina devem ser armazenados em geladeira entre 2º a 8ºC, fora da embalagem térmica ou de isopor, longe do congelador, de preferência na gaveta ou próximo a ela, longe da porta também, pois lá não temos como manter uma temperatura adequada.
Uma vez congelada, a insulina perde suas propriedades de tratamento, podendo ser desprezada.
Se a insulina não puder ser guardada em geladeira, procure um lugar fresco, limpo e que não pegue sol diretamente para armazená-la. Ela pode ser mantida em temperatura ambiente, entre 15º e 30ºC.
Uma vez aberto o frasco de insulina, ele deverá ser utilizado no período de 30 dias, por isso, para seu controle, marque a data de abertura no frasco.
Evite transportar o frasco de insulina quando a temperatura ambiente estiver acima de 40ºC e use sempre uma caixa de isopor ou bolsa térmica. Se o transporte for de longa distância, além da embalagem térmica, utilize gelo reciclável separado do frasco de insulina por isolante para evitar seu congelamento. Nunca utiliza gelo seco.
Locais de aplicação
É recomendável variar os locais de aplicação da insulina, preferindo-se a face anterior da coxa, face externa do braço, nádegas e região abdominal. A distância melhor entre uma aplicação e outra deve ser 3cm.
A insulina é absorvida mais rapidamente nos braços e mais lentamente nas coxas. No abdome, o tempo é intermediário. Os fatores que aumentam a absorção de insulina são: massagem local, exercícios físicos logo após o banho morno local.
É importante salientar que a velocidade de absorção da insulina varia com cada pessoa, fato que determina a necessidade de controle individual com exames de glicose na urina (glicorúsia) várias vezes por dia e exames de glicemia.
Técnicas de aplicação
1. Separar o material a ser utilizado
2. Lavar bem as mãos com água e sabonete
3. Mantendo o frasco de insulina entre as duas mãos, fazer movimentos de vaivém, sem fazer espuma
4. Com um chumaço de algodão embebido em álcool, esfregar a tampa de borracha do frasco de insulina.
5. Com a tampa voltada para baixo, injetar ar com a seringa (mesma dose que irá aspirar). Aspirar
lentamente a insulina. Caso venha ar, bata suavemente na parede do tubo para que as bolhas subam.
Reinjete o ar no frasco de insulina quantas vezes for necessário até que a seringa contenha somente
insulina.
6. Retirar a seringa, prendendo o êmbolo com um dos dedos e na posição horizontal.
7. Coloque a seringa com insulina em cima de uma superfície plana, de maneira que a agulha não toque
em nada.
8. Pegar com o polegar e indicador da mão que pinçará a pele, o chumaço de algodão/álcool, passar na
área a ser injetada(10x10cm). Pinçar a prega cutânea e injetar a insulina entre os dois dedos,
perpendicular ou levemente inclinada (nunca rente à pele). A injeção é indolor.
9. Retirar a agulha e passar o algodão/álcool. O melhor aplicador de insulina é o próprio
paciente ou seus familiares próximos, além de torná-lo independente, e melhor conhecedor de seu
autocontrole. A maioria dos pacientes ou familiares consegue aprender a técnica de aplicação de insulina
com uma só explicação.
Para quem usa canetas para aplicar insulina:
- Prepare a insulina e os materiais como já descrito acima;
- Retirar a tampa da caneta;
- Separe a caneta em duas partes (corpo e parte mecânica);
- Gire o parafuso interno até ficar completamente dentro da parte mecânica;
- Acomode o refil de insulina no corpo da caneta;
- Recoloque a parte mecânica ao corpo da caneta;
- Conecte a agulha na caneta;
- Selecione 2 unidades e pressione completamente o botão injetor. Repita a operação até o aparecimento de uma gota de insulina na ponta da agulha;
- Selecione o número de unidades de insulina necessárias;
- Introduza a agulha no subcutâneo;
- Pressione o botão injetor;
- Após a administração, aguarde 5 segundos antes de retirar a agulha;
- Retire a agulha e pressione o local por mais 5 segundos;
- Retire e descarte a agulha utilizada;
- Recoloque a tampa da caneta;
- Guarde a caneta em uso em temperatura ambiente (nunca poderá ser guardada no refrigerador)
Reações e efeitos colaterais
- Atrofia de pele: a gordura subcutânea torna-se mais delgada, aparecendo como afundamento da pele. Ocorre mais nas mulheres. Trata-se com injeções de insulina monocomponente ou humana nos locais afetados até que se recupere.
- Hipertrofia de pele: oposto ao anterior, a pele fica espessa, formando saliência. Ocorre quando se injeta todos os dias no mesmo local e mais freqüentemente nos homens. O tratamento consistem em deixar de aplicar no local afetado até que recupere.
- Alergia à insulina: às vezes, no local da aplicação, observa-se vermelhidão ou mais raramente placas de urticária. Ser persistir, usar insulina monocomponente ou humana.
- Edema: no início da insulinoterapia, pode-se verificar inchaço nos pés e mais raramente na face. Geralmente é transitório e desaparece após algumas semanas. Em certas ocasiões, poderão ser usados diuréticos por pouco tempo.
- Hipoglicemia (baixa ou queda do açúcar no sangue): sem dúvida, é a reação mais encontrada no tratamento com insulina. O quadro clínico se encontra no item específico.
- A seguir, várias condições que podem estar relacionadas à hipoglicemia: dose exagerada de insulina; exercícios exagerados não habituais; ingestão de alimentos reduzida em relação ao habitual; aumento do intervalo entre as refeições/lanches; ingestão de bebidas alcoólicas, principalmente desacompanhada de alimentos; pacientes com diminuição da função renal (creatinina e uréia aumentadas); presença de vômitos ou diarréia (diminuem a absorção dos alimentos); em casos de melhora de controle do diabetes, necessitando assim diminuir a insulina.
Vídeo sobre como utilizar insulina